terça-feira, 30 de março de 2010

Simplicidade


Quero ser do contra hoje!
Não quero concordar com os especialistas em auto-ajuda, que nos incitam a querer sempre mais. Não podemos nos contentar com pouco. Buscar sempre nos superar, melhorar de vida, de emprego, de apartamento, de carro, e por aí nossa mente doente se desenrola em melhorar de parceiro, de amizades, de pai, de mãe, de irmão, de cabelo, de barriga, de nariz...
Eu, com todo meu conhecimento de psicologia adquirido na faculdade de engenharia (cof, cof), proponho o contrário, sem medo de julgamentos!
Quero ser acomodada, de uma vez por todas!
Que se instaure o comodismo!
Que eu consiga ver na minha vida as pequenas coisas boas que ela me traz, sem apontar o tempo todo o que me incomoda, nesse desejo incessante de mudança.
Ao dizer tudo isso não quero que você, caro leitor, se acomode com sua vida e pare de tentar lutar por algo melhor, não, não é isso.
Só quero gostar de todos ao meu redor, vendo o lado bom que cada um me mostra.
Sentir-me feliz ao ir trabalhar, ainda que não seja o emprego dos sonhos.
Ficar alegre com um e-mail, uma mensagem de alguém de longe, sem me frustrar pois esperava algo maior.
Comer arroz e feijão, sem desejar lagosta.
Acredito que a beleza esteja aí, na simplicidade da vida.
A sofisticação complica.
Acomodada? Sim. E com muito orgulho.

Foto de Filomena Galego (www.olhares.pt) - " Oxalis pes -caprae", não, não é um trevo de quatro folhas. Mas pra mim, já tá bom...

terça-feira, 9 de março de 2010

Cenas diárias


Ele chegou ao escritório, pôs o paletó na cadeira, deu um tímido “bom dia” e sentou-se, a espera das ordens diárias de seu chefe.

Não tardou muito. O segundo dissertou durante alguns minutos sobre tudo o que queria naquele dia, cobrando o que deveria ter sido feito nos anteriores. Tais atividades poderiam receber diversos adjetivos, dentre os quais “agradável” não se encontrava.

Com as mãos na cabeça, transformando o discurso do chefe em lista, teve um súbito desejo de desistir, simplesmente não quis mais nada daquilo. Olhou para o computador que recebia e-mails inúteis, sentiu o frio do ar condicionado que secava seus olhos, escutou conversas que não lhe diziam respeito de pessoas que não o respeitavam. Pensou em como seria mais esse dia, lembrando de como foi cada um desde que começou a trabalhar ali, viu tudo como num filme, igual dizem que nos acontece na chegada da morte.

Com os olhos vermelhos, gritou. Direcionou-se ao chefe, mas quis e conseguiu com que todos escutassem. Falou das tarefas tolas que tem feito, que não o permitem mostrar seu talento e capacidade. Reclamou da ignorância com a qual muitas vezes era tratado. Ofendeu a competência de todos seus superiores, sem exceção, apontando erros gerenciais e técnicos. Apontou defeitos que o irritavam em todos seus colegas e no ambiente físico em que trabalhava. Pegou a pasta e o paletó e disse o melhor “até logo” de toda a sua vida, aquele em que esperava que o “logo” fosse “nunca”.

Piscou de repente, balançou a cabeça, voltou à realidade. Lembrou como pagava suas contas. Ainda com as mãos na cabeça, lembrou com mais dificuldade que o habitual qual seria o próximo item de sua lista diária.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Pesado






Que semana densa!

Parece que hoje já é sexta-feira da semana que vem!




Foto: www.olhares.net