segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Falando sobre aquele assunto chato...

Indico o texto abaixo que, apesar de ser uma campanha para a Dilma, candidata esta que não apoio, alerta sobre o grava problema da manipulação da mídia elitista. O protesto poderia ter sido feito em nome do Lula, Dilma, ou qualquer outra personalidade fora da elite, mas o que vale neste texto é a razão principal do protesto, e não os personagem políticos. Boa leitura.

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma
24.09.2010


Por Leonardo Boff*

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avaliza para fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

*Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

Fonte: Agência Carta Maior.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Conversa Fiada (?)

- Já sei!
- O quê?
- E se a gente tentasse mudar o mundo?
- Beleza, Cérebro, conta aí seu plano infalível...
- Tá afim mesmo?
- Vai...
- Então tá! Eu acho que o primeiro passo é começar a agradecer!
- Valeu então...
- É sério! Éo primeiro exercício! Agradecer tudo que vier na sua vida! Até as coisas ruins!
- Agradecer a quem?
- Hum... você acredita em Deus?
- Não...
- Então, sei lá, agradecer à sua vida!
- Muito abstrato...
- Agradece a você mesmo então! Eu já ouvi uma vez que "nós somos os únicos responsáveis pela nossa história", ou algo do tipo...
- Ah beleza! Estou eu andando calmamente pela rua, quando me surge um sujeito com uma arma e me assalta! Primeiro que eu não fui o responsável por isso e segundo que eu não tenho motivo nenhum para agradecer! Pra mim, esse tipo de coisa não passa de um baita de um azer!
- Então agradece o azar!
- Hãn?!?!?
- Eu falei que era pra MUDAR o mundo! Tudo que é pra mudar exige esforço, sabia? É DIFERENTE do que temos costume!
- Ahn...
- Muda esse pensamento! Quando alguma coisa acontecer, boa ou ruim, agradeça! Já não é uma mudança?
- E o mundo? Fica onde nessa história? Até agora você só falou pra eu me mudar!
- O mundo vai ser o resultado... mas calma! Eu só falei o primeiro passo, que eu também tenho que tentar, não é só você! Agradecer ainda que a contra gosto... Acho que depois vai ficar natural e nem vamos achar a vida tão chata assim! E também acho que isso vai mudar mais um tanto de coisa nas nossas vidas...
- Tipo o quê?
- A vida vai ficar mais leve, e a gente mais leve para o quê e quem fazem parte da nossa vida! As pessoas ao redor vão notar a diferença e quem sabe também não seguem nosso exemplo?
- Tá bom!
- O quê que tá bom?
- Vou começar a agradecer todas as coisas chatas do meu dia-a-dia! Doença, briga em família, cobrança do chefe, falta de grana...
- Jura?
- Uai, juro! Você vai parar de me encher se eu falar que sim? Nossa... ainda tem os outros passos....
- Não, não! Eu paro! Os outros passos a gente vê depois! Nem pensei neles, na verdade...
- Então tá bom, pessoa insuportável! A partir de hoje sou um agradecedor de situações!
- Boa, rapaz! Você já pode começar agradecendo ao azar, ou seja lá o que for, essa pessoa insuportável que te atormenta o tempo todo!
- Na boa!? Você é completamente maluco!
- Você já parou pra pensar quem é louco e quem é normal? A partir de que referencial definimos isso?
- Ah não! Outra conversa profunda intelectual, não! Chega...
- Tá bom, já calei....